O AUMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO PERÍODO DE QUARENTENA
- Mariana Caroline Pradella
- 30 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de jul. de 2020

Nem toda violência é física e a violência doméstica se apresenta de diferentes formas onde o relacionamento abusivo se destaca nessa pauta. Quando falamos em relacionamento abusivo, estamos falando de uma das formas de violência doméstica, e o psicólogo tem um papel importante no atendimento dessas mulheres.
A violência psicológica é a principal característica de uma relação abusiva, com o intuito de diminuir, manipular, controlar ou quaisquer outros atos que possam causar danos emocionais a vítima. Por ser uma violência silenciosa, é difícil a sua constatação, a vítima sofre em silencio também, transformando em diversos problemas mais graves como depressão, fraqueza, baixa autoestima, insegurança e até mesmo suicídio.
Abaixo algumas formas de agressões (que podem ser físicas, psicológicas, morais, sexuais, entre outras):
· Quando o homem faz a mulher achar que está louca, inclusive o nome disso é gaslighting, que é uma forma de abuso mental que consiste em distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida sobre a sua memória ou sobre a sua sanidade mental.
· Forçar atos sexuais, que consta como violência sexual, onde obriga a mulher a manter relações sexuais contra a sua vontade. O nome disso também é estupro.
· Atirar objetos, sacodir, apertar os braços, nem toda violência é o espancamento.
· Impedir a mulher de prevenir a gravidez através de métodos contraceptivos como preservativo, anticoncepcionais, entre outros, ou obriga-la a abortar, é considerado uma prática de violência sexual.
· Agressões como humilhação, xingar, desvalorização moral, deboche em público em relação a mulher é uma violência emocional.
· Controlar, guardar ou tomar posse do dinheiro da mulher, contra a vontade dela, assim como tomar posse dos seus documentos pessoais, é uma violência patrimonial.
· Outra forma de violência patrimonial é causar danos aos objetos, ou bens da mulher propositalmente.
· Vazar fotos íntimas nas redes sociais, expor para outras pessoas a intimidade do casal com o intuito de denegrir a imagem da mulher.
· Controlar e oprimir a mulher ao ponto de proibi-la de ter contato com amigos e familiares.
Esse jogo de controle é caracterizado por violência, ciúmes e abusos, que normalmente se iniciam quando é tirado da vítima a sua liberdade nas coisas mais simples do dia a dia, chega a ser, muitas vezes, até imperceptível para algumas mulheres que confundem essa violência com excesso de zelo.
O ciclo de violência ou ciclo de abuso é usado para identificar se uma mulher está sofrendo algum tipo de violência, seja ela física, emocional, psicológica, sexual, em ambiente doméstico. Ele é divido em 3 etapas: aumento de tensão, ataque violento e a “lua de mel”. Infelizmente a consequência mais drástica do ciclo é o feminicídio.
A primeira fase, o aumento de tensão é onde o homem costuma ofender a mulher verbalmente, persegue a vítima em todos os lugares, critica amigos, família, trabalho.
Apresenta comportamento agressivo e ameaçador, mas sem efetivamente praticar a violência física. É mais focado em uma violência psicológica, emocional, verbal, moral.
A segunda fase, ataque violento, é a fase mais extrema do ciclo, pois nessa fase a mulher sofre violência física e/ou sexual. Nessa fase a principal orientação é buscar apoio com amigos/ familiares, buscar ajuda psicológica e registrar um boletim de ocorrência.
A terceira fase, “lua de mel”, é quando o homem tenta se redimir das agressões físicas e/ou psicológicas, onde faz promessas de mudança, que nunca mais esse episódio irá se repetir, é normal tudo isso estar atrelado com falas do tipo: “eu prometo parar de beber”, “eu vou para a igreja”, “vou arrumar um emprego”.
Infelizmente esse ciclo pode se repetir por anos e anos.
O número de denúncias sobre violência doméstica no período de quarentena teve um aumento de 18% e de ligações com pedidos de ajuda teve um aumento de 8,5%, segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
Não se cale, busque apoio, denuncie!
· Pode se apresentar pessoal na Delegacia da Mulher da sua cidade.
· Pode abrir um Boletim de Ocorrência pela internet no site da polícia civil.
· Ou usar o canal do Disque Denúncia: 180
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